Brasil é modelo para países do Cone Sul na recuperação de pastagens degradadas

Práticas adotadas no Brasil, como o plantio direto e o uso de um sistema integrado agrícola-pecuário-florestal são exemplos de estratégias de pecuária associada ao desenvolvimento sustentável recomendadas entre as conclusões da 10ª Reunião da Codegalac – Comissão de Desenvolvimento da Pecuária para América Latina e Caribe, da FAO, capítulo Cone Sul.

O principal alerta do encontro foi de que a pecuária tem crescido mais de 3,7% ao ano na região, um aumento associado à redução da área de florestas. Hoje, 70% dos pastos se encontram num processo de degradação, o que se reflete em baixa produtividade e no avanço em zonas ambientalmente frágeis.

A degradação dos pastos aumenta a vulnerabilidade às mudanças climáticas e à produção de gases de efeito estufa. E a Amazônia está entre os ecossistemas mais afetados pela ampliação da fronteira agropecuária.

Por outro lado, os países do Cone Sul são os principais exportadores de carne bovina no mundo e os estudos indicam que o consumo de carne se duplicará nos próximos 20 anos, gerando novas oportunidades de mercado para a carne produzida na região. Mas os países importadores cada vez mais exigem produção em áreas ambientalmente sustentáveis, o que mostra a necessidade de políticas e programas estratégicos de grande escala.

Os países da região têm recursos naturais e tecnológicos suficientes para a intensificação sustentável da produção sem necessidade de ampliar a fronteira agropecuária até os ecossistemas mais frágeis. No entanto, as pressões de mercado estão provocando o avanço da atividade em zonas de maior vulnerabilidade ambiental, o que pode aumentar os níveis de desmatamento, degradação de solos, perda de biodiversidade, diminuição de recursos hídricos e vulnerabilidade às mudanças climáticas.

Nesse contexto, os governos necessitam com urgência desenvolver mecanismos e políticas para enfrentar essa situação, através de um marco de referência para a tomada de decisões e a formulação de instrumentos e programas de desenvolvimento pecuário sustentável.

Se nenhuma iniciativa for tomada, o processo de degradação pode ser irreversível, ou de grande custo. E o avanço às áreas mais sensíveis pode aumentar por causa das pressões do mercado, mas com consequências de maiores custos de produção, baixa rentabilidade, perda de competitividade, menores rendas para os produtores, desemprego e aumento da migração do campo para a cidade. Também poderá haver perda dos mercados atuais pela degradação ambiental e perda de oportunidades de novos mercados, com o aumento da pobreza em zonas já vulneráveis.

Os participantes do encontro recomendaram que, com o suporte da FAO, os governos nacionais criem iniciativas para identificar as áreas mais vulneráveis e de maior risco; pesquisar o estado atual da produção pecuária e promover a inserção dos pequenos produtores ao mercado e à tecnologia.

Os países também solicitaram à FAO o apoio técnico para formular um Marco Orientador para o desenvolvimento de políticas e programas de gestão agro-ambiental e inovação tecnológica para o desenvolvimento sustentável, a recuperação de pastos degradados em ecossistemas pecuários estratégicos e a promoção de sistemas integrados agrícola-pecuário-florestais que permitam a intensificação sustentável da produção, reduzam a vulnerabilidade às mudanças climáticas e melhorem a rentabilidade do setor.

Será criado ainda um grupo de trabalho de centros de pesquisa do Cone Sul, liderado pela Embrapa, para a elaboração de uma proposta de ação e avaliação técnica, econômica e ambiental das tecnologias disponíveis para a recuperação de áreas degradadas e intensificação sustentável da produção pecuária.
Fonte: Portal do Agronegôcio

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