A origem da uva suas características e seus principais cultivares


Originária da da Europa e Oriente Médio, a uva é um fruto da videira. Seu nome científico é Vitis vinifera L. e sua família botânica é a Vitaceae. A videira apresenta troncos retorcidos e flores esverdeadas, sendo uma planta própria de regiões de clima temperado. Registros apontam que o cultivo da uva se iniciou no período Neolítico, na região do Egito e Ásia Menor.

A produção industrial e comercial de uvas, no Brasil, está em grande parte concentrada na região sul do País. Além dessa região, podemos citar regiões próximas à capital paulista, principalmente São Roque e Jundiaí e a região Nordeste, onde graças a grandes projetos de irrigação, utilizando, principalmente, as águas do rio São Francisco, os resultados obtidos pela agricultores são extraordinários.

Porta-enxertos

A escolha do porta-enxerto deve ser feita considerando o destino da produção a fertilidade do solo, os problemas de doenças e pragas ocorrentes na região ou na área do vinhedo e o vigor da variedade copa.

1103 Paulsen - É um porta-enxerto do grupo berlandieri x rupestris. Teve grande difusão no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina nos últimos anos porque apresenta grandes resistências a certas doênças.

Solferino ou Branco Rasteiro - Muito utilizado na viticultura do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Apresenta facilidade de enraizamento, boa pega de enxertia, vigor médio e boa afinidade geral com as copas, normalmente condicionando a boas produtividades.

SO4 - Este porta-enxerto do grupo berlandieri x riparia foi introduzido na década de 1970. Em geral confere desenvolvimento vigoroso e boas produtividades à maioria das copas.

420-A Mgt - É o menos vigoroso do grupo berlandieri x riparia, indicado para o cultivo de uvas finas para vinho. Confere vigor moderado à copa, favorecendo a obtenção de produções limitadas.

101-14 Mgt - Tem boa afinidade geral com as copas, apresenta boa capacidade de enraizamento e boa pega de enxertia.

Uvas Finas para Processamento

Cabernet Franc - Cultivar francesa da região de Bordeaux, a 'Cabernet Franc' foi introduzida no Rio Grande do Sul pela Estação Agronômica de Porto Alegre, por volta de 1900. Nas décadas de 1970 e 1980, tornando-se a base dos vinhos finos tintos brasileiros nesse período. A partir daí, foi superada pelas cultivares 'Cabernet Sauvignon' e 'Merlot' nos novos plantios de uvas tintas finas. 'Cabernet Franc' adapta-se muito bem às condições da Serra Gaúcha. Na região do Vale do Loire, na França, é utilizada para a elaboração de vinhos rosados de alta qualidade.

Cabernet Sauvignon - É uma antiga cultivar da região de Bordeaux, França, hoje plantada com sucesso em muitos países vitícolas. Em 1913, já era cultivada experimentalmente pelo Instituto Agronômico e Veterinário de Porto Alegre.Vários clones procedentes da França, dos Estados Unidos, da Itália e da África do Sul foram trazidos para a formação dos novos parreirais. Atualmente é a vinífera tinta mais importante do Estado. É uma cultivar muito vigorosa e medianamente produtiva.

Chardonnay - Cultivar de origem francesa, possivelmente da Borgonha, a ´Chardonnay' foi introduzida em São Roque-SP em 1930 e no Rio Grande do Sul em 1948. Não houve difusão comercial desses materiais, que permaneceram nas dependências das Estações É uma cultivar de brotação precoce, sujeita a prejuízos causados por geadas tardias. Adapta-se bem às condições da Serra Gaúcha, com vigor e produtividade médios, atingindo boa graduação de açúcar em anos favoráveis. É uma cultivar cujo vinho goza de renome internacional, especialmente pela qualidade dos produtos que origina na Borgonha, assim como, pelos famosos espumantes elaborados na região de Champagne, em corte com ´Pinot Noir'. No Brasil tem sido usada para a elaboração de vinho fino varietal e também para vinhos espumantes.

Flora - Tem sido usada para a elaboração de vinho branco varietal e também para espumantes, originando produtos de qualidade, com aroma e buquê característicos.

Gewürztraminer - É uma cultivar de difícil cultivo por causa da alta susceptibilidade ao declínio e morte de plantas e à podridão cinzenta da uva, causada por Botritys cinerea. Além disso, é uma cultivar de baixa produtividade. O conjunto destes fatores, após um período inicial de euforia, determinou a redução da área plantada com esta cultivar no Rio Grande do Sul. O vinho de 'Gewürztraminer' é reconhecido internacionalmente pela fineza e intensidade de aroma e sabor. É um dos principais varietais produzidos na região da Alsácia, na França.

Malvasia Bianca - Ela foi introduzida no Rio Grande do Sul pela Estação Experimental de Caxias do Sul, em 1970, procedente da Universidade da Califórnia. Avaliada pela pesquisa, demonstrou bom desempenho produtivo na Serra Gaúcha, surgindo como uma alternativa de uva aromática para a região.

Merlot - Pode ser considerada como uma cultivar originária do Médoc, França, onde já era cultivada em 1850. Daí expandiu-se para outras regiões da França e para muitos outros países vitícolas, tornando-se uma cultivar cosmopolita. É uma cultivar muito bem adaptada às condições do sul do Brasil, sendo cultivada também em Santa Catarina. Proporciona colheitas abundantes de uvas que podem atingir 20°Brix, porém, é bastante susceptível ao míldio. Origina vinho de alta qualidade, consagrado como varietal e também muito usado em cortes com vinhos de 'Cabernet Sauvignon', 'Cabernet Franc' e de outras castas de renome.

Moscato Branco - Apesar do nome 'Moscato Italiano', ainda não há uma definição da identidade desta cultivar com nenhuma das várias cultivares de uvas aromáticas descritas na ampelografia italiana.

Pinotage - é resultante do cruzamento ´Pinot Noir' x ´Cinsaut', realizado na África do Sul pelo Prof. Peroldt, em 1922. É produtiva, resistente a podridões do cacho e apresenta ótimo potencial glucométrico, atingindo, normalmente, 20ºBrix a 22ºBrix, com uma acidez total ao redor de 110 mEq/L. Origina vinho frutado, apto a ser consumido jovem.

Prosecco - Estudos ampelográficos, realizados a partir de 1979, mostram que a cultivar encontrada nos vinhedos de Bento Gonçalves, com o nome de 'Biancheta Bonoriva', é, na realidade, a 'Prosecco'. Apresenta bom desempenho agronômico na Serra Gaúcha, porém, em virtude da precocidade de brotação, pode sofrer danos causados por geadas tardias em áreas susceptíveis. A exemplo do que ocorre na Itália, também aqui origina espumantes de boa qualidade.

Riesling Itálico - é uma cultivar do norte da Itália, onde é cultivada principalmente em Veneza, Pavia, Udine, Treviso e Bolzano. Foi trazida para o Rio Grande do Sul pela Estação Agronômica de Porto Alegre em 1900. O vinho de 'Riesling Itálico' é fino, com aroma sutil e típico, comercializado como vinho fino de mesa varietal e, também, utilizado na elaboração de espumantes bem conceituados.

Sémillon -Sauternes, na França, é o berço da 'Sémillon'. É a principal cultivar branca da região de Bordeaux, onde é utilizada principalmente para a elaboração de famosos vinhos licorosos naturais, como os das denominações Sauternes, Barsac e Montbazillac. É uma cultivar de vigor médio, produtiva e muito bem adaptada às condições da Serra Gaúcha. Aqui, origina vinho neutro, normalmente utilizado em cortes com outros vinhos finos, sendo também usado como varietal.

Syrah - é uma das mais antigas castas cultivadas. Algumas referências sugerem que seria originária de Schiraz, na Pérsia, outras, que seria nativa da Vila de Siracusa, na Sicília.No Rio Grande do Sul é chamada 'Petite Syrah', nome que a distingue da 'Calitor', aqui conhecida como 'Syrah'; 'Schiraz', nos Estados Unidos e na Austrália; 'Hermitage', também na Austrália; 'Balsamina', na Argentina.

Tannat - é originária da região de Madiran, no sul França, onde está sua maior área de cultivo. Também é importante no Uruguai, onde é a principal vinífera tinta cultivada. Foi introduzida no Rio Grande do Sul pela Estação Experimental de Caxias do Sul, em 1947, procedente da Argentina.O vinho de 'Tannat' é rico em cor e em extrato, servindo para corrigir as deficiências destas características em outros vinhos de vinífera. Também tem sido comercializado como vinho varietal. É um vinho bastante adstringente e, portanto, necessita de envelhecimento.

Trebbiano - cultivar italiana da região de Toscana, a 'Trebbiano' tem grande difusão no mundo vitícola. É bastante cultivada na Itália, onde origina vinhos brancos secos e participa da composição do Chianti.No Rio Grande do Sul, é utilizada para a elaboração de vinho varietal, normalmente comercializado com os nomes de 'Ugni Blanc' ou 'Saint Émillion', para a produção de espumantes e para cortes com outros vinhos finos de mesa. Como sinonímias usuais podem ser citados os nomes 'Trebbiano Toscano', 'Ugni Blanc' e 'Saint Émillion'.

Outras - Além das cultivares referidas, várias outras são cultivadas em maior ou menor escala nas diferentes regiões temperadas do Brasil. Dentre elas pode-se citar Barbera, Bonarda, Gamay Noir, Gamay St. Romain, Malvasia Amarela, Malvasia di Candia, Malvasia Verde, Peverella, Pinot Noir, Sauvignon Blanc, Sylvaner e Zinfandel, entre as mais antigas. Em cultivo mais recente são encontradas, entre outras, Alicante Bouschet, Ancellota, Aragonês, Carmenère, Castelão, Moscato Giallo, Tempranillo e Touriga Nacional.
Fonte e pesquisa:Embrapa

1 comentários:

Unknown disse...

Esse site e bem legal

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